DOS LOUCOS E DAS ROSAS

*O deserto […] exultará e florescerá. Isaías 35:1*

No fim do século 19, a capital de Minas Gerais, Ouro Preto, estava de mudança. Belo Horizonte ou Barbacena? Perdeu Barbacena. Os políticos da época, para “compensar”, construíram lá um grande hospital para pessoas mentalmente perturbadas. Ironicamente, o hospício foi construído na fazenda que pertencera a Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da Inconfidência Mineira.

Barbacena ficou conhecida como a “cidade dos loucos”

Para Barbacena afluíam milhares deles, levados no que ficou conhecido como “o trem dos loucos”. Seres humanos, alguns deles em condições hoje plenamente controláveis, eram apinhados no hospício da cidade, cuja população chegou a 5 mil pacientes.

Sem leitos para todos, muitos ficavam em um vasto salão, forrado com capim, dormindo entre dejetos, moscas e ratos. Todos os dias pela manhã, os serventes recolhiam os cadáveres dos que haviam falecido à noite. Aquele foi um colossal campo de concentração, monumento à ignorância e à crueldade humanas. Historiadores calculam que entre 60 e 65 mil pessoas morreram naquele holocausto sombrio.

Os tempos mudaram. Novas informações e avanços na ciência e na revolução terapêutica colocaram um ponto final nesse capítulo escuro de nossa história. Ainda hoje há pessoas internadas lá, principalmente casos de atendimento social, gente que não tem para onde ir.

Parte do velho hospício abriga um pequeno museu, memória distante do triste passado.

Barbacena hoje é conhecida como a Cidade das Rosas, pois produz flores belíssimas, exportadas para muitas partes do mundo.

Essa troca evoca o caráter simbólico da transformação. Estamos todos aguardando o dia em que nosso pequeno planeta, o ponto escuro do Universo, alienado de Deus, e que se tornou o lar de todas as alienações, a maioria sob a pretensão de sanidade, será transformado. Aguardamos o momento em que voltaremos ao estado original do jardim de Deus.

Até lá, amigo, pense no bem que você pode fazer hoje, particularmente às pessoas fracas, àquelas que não podem se defender. Seja um benfeitor, um advogado delas. Transforme o ambiente em que você vive ou trabalha num lugar em que algumas rosas possam, teimosamente, germinar e florescer.

Amin A. Rodor, 21/9/2014

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *