“Túnel do Tempo”: Sobriedade e Amor de Mãe

Na última segunda-feira de 2019, convidamos nossos seguidores do Facebook ASSAE (Associação São Sebastião de Amor-Exigente) a entrar no “Túnel do Tempo” e relembrar um relato real de Sobriedade e Recuperação. Trata-se da história da aposentada Dirce Joana de Souza, que, em razão da dependência química do filho, viu toda a família adoecer.

Nós sabemos que a adicção é uma doença da família. “Foi ainda na adolescência. Ele bebia, depois passou para a maconha e por último o crack. Foram 24 anos assim. Precisei ir até o Amor-Exigente encontrar ajuda, foi quando eu descobri que para ajudar meu filho, eu precisava ser ajudada”.

A história de Dirce, publicada originalmente em 2018, permanece atemporal já que, assim como a doença é progressiva, a recuperação também é. “Quando meu filho chegou no pior estágio que podia imaginar, resolvi pedir ajuda. Estava esgotada de tantas tentativas, internações e pedidos de mudança. A gente não vê quando a droga entra na nossa vida, a gente só vê quando está no estrago”, disse ela, na época.

De lá para cá, foram meses de apoio e metas, participando das reuniões para a mãe e o filho entrarem em recuperação. “Primeiro, eu não aceitava. Não entendia que isso era doença, que precisava ser tratada para o resto da vida. Depois de entender isso eu precise me livrar da culpa”, relembra Dirce, que também destacou que lutou sozinha por meses, diariamente, para ver o filho longe das drogas. “Cada mãe tem o filho que merece, você não criou direito, a culpa é sua. Foram frases que ouvi muito. Quem não ama crítica, mas quem ama ajuda e não rotula. Foi com o tempo que aprendi que estas frases não tinham nada a ver comigo. Não era culpa minha o vício dele em drogas”.

Recomeço – Foi um recomeço difícil para quem passou a vida fazendo de tudo para ver o filho feliz. “Os filhos usam essa droga e transforma a nossa vida em uma droga. E é essa dó maldita que as mães têm, que faz tudo ficar pior”, afirmou Dirce, destacando ainda que, primeiro, precisou se livrar da culpa e entender a si mesma para fazer a mudança.

Ela precisou dizer não ao filho pela primeira vez para voltar a viver. “Não aguentava mais, eram dias sem comer e dormir. Hoje consigo dormir, porque meu coração está em paz”.

Ficha – Foi sentindo a mudança no comportamento da mãe, que a ficha do filho caiu. “Passei a cuidar de mim, disse não para ele dentro de casa. E se quisesse continuar nessa vida, que ele podia ir embora”, disse a mãe, que admite ter sido o momento mais difícil. “Ver um filho aí fora, é um desespero. Só quem vive isso sabe”.

As histórias são as mesmas só mudam os personagens – A frase clássica para os adictos em recuperação, ilustra bem o caso de Dirce e do seu processo bem sucedido em recuperação. “Foi diante de uma ameaça de morte, que ele chegou em casa disposto a procurar ajuda. Naquele momento o pedido partiu dele. Foi ele quem viu que precisava ser ajudado, não era mais uma vontade exclusivamente minha”.

Ele foi se tratar em uma clínica e hoje, com 37 anos, trabalha e frequenta semanalmente as reuniões de N.A (Narcóticos Anônimos). “Ele sabe que o tratamento é para a vida toda, não tem cura. Esta há três anos limpo, sem uma gota de álcool e drogas na boca”, comemorou a mãe, que ainda durante a entrevista, se emocionou quando presenciou sua própria vitória. “Hoje consigo dormir porque meu coração está em paz. E porque eu não desisti, e lutei. Lutei por ele, mas também lutei por mim. Isso que toda a mãe deveria fazer. Lutar por ela, porque no fundo a gente não tem culpa. Conseguimos ajudar, sem se afundar junto com o filho”.

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