Carta de uma filha para sua mãe adicta

Depois que muitos dependentes químicos começam a frequentar as salas de reuniões, viver o programa de recuperação, passam a entender que a adicção é uma doença da família e que o uso de drogas é apenas um dos seus sintomas aparentes. Talvez pela idade, o foco da maior parte das pessoas é quando os filhos perdem o controle e passam a gerar centenas de problemas em sua vida e dos familiares. Mas, quem foi buscar recuperação, sabe que a doença não é páreo para os princípios espirituais da recuperação, e que a recuperação é para todos.

É o que vamos relembrar hoje em nosso “Túnel do Tempo”, por meio de uma carta de uma filha para sua mãe adicta que foi publicada no site oficial do Amor-Exigente no dia 25 de maio de 2017. O texto foi extraído do site americano Lorelie Rozzano. Confira:

“Eu não sou pai, cônjuge, ou amigo. Eu sou sua filha.
Só que você não cuida mais de mim. Você não se importa comigo. Não como você sempre fez!
Agora, você só se preocupa em ficar dopada. Você adora ficar dopada. Você faz qualquer coisa para ficar dopada.
Você precisa ficar dopada. E você pisa em mim para fazer.
Quando você olha para mim, você não me vê. Você vê uma responsabilidade, que você não quer mais. Você não se importa que estamos tristes.
Você não se importa, se nós precisamos de mantimentos. Você não se importa se você prometeu que nunca mais usaria.
Você não se importa se mentir para mim. Você não se importa se estamos sem dinheiro. Você não se importa com nada, a não ser ficar dopada. Eu costumava pensar que você mudaria. Tentei ser uma boa menina. Eu acreditava que você me amaria mais do que ama as drogas. Mas eu estava errada!
Algo frio e morto vive dentro de você! Eu sinto isso toda vez que estou perto de você.
Eu choro todos os dias. Minhas lágrimas não têm nenhum efeito em você. Você deveria me manter a salvo. Mas você está me matando.
Eu puxo meu cabelo. Eu cortei meus braços. Eu não como!
Eu questiono meu valor! E, mesmo assim, você escolhe as drogas a mim. Eu não sou boa o suficiente, sinto uma dor que nenhuma criança deveria experimentar. É como se eu estivesse morta, só que meu corpo ainda respira.
Você está inconsciente de tudo. Você não tem integridade ou valores. É calculadora e manipuladora, e a droga possui você. Você diz qualquer coisa, faz qualquer coisa, e fere pessoas para obter o próximo tiro.
Você promete que será a última vez. Promete passar mais tempo conosco, nos comprar comida e pagar o aluguel, mas você nunca cumpre. Suas promessas não significam nada.
Eu me sinto ansiosa por dentro. Eu tento te ajudar. Não te digo como estou triste. Eu mantive seus segredos e suas mentiras.
Eu não confio nas pessoas. Meu mundo gira em torno de uma coisa só: dor. Você usa drogas para lidar com sua ansiedade. E um dia, eu também poderei usar.
Mas há esperança. Será que serei forte o suficiente para pedir ajuda e dizer a alguém?
Será que eu te amo o suficiente par te dizer como me sinto e para te proteger? Eu estou presa dentro dos confins desta obscuridade e fria família, eu estou morrendo”.

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